Monotrilho em SP quer desapropriar até prédio na planta

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06/10/2010 - 03h00

A implantação do monotrilho da linha 17-ouro do metrô, que ligará o aeroporto de Congonhas ao Morumbi e ao Jabaquara, planeja desapropriar ao menos 50 casas de alto padrão, postos de gasolina, cafeteria e até áreas de dois empreendimentos imobiliários que ainda estão em fase de lançamento. 

Um deles é o prédio residencial Andalus, da Cyrela, na Vila Sônia, próximo ao estádio do Morumbi, com lançamento previsto para agosto de 2012. A Cyrela não quis comentar por não ter sido notificada formalmente.

O outro projeto inclui dois prédios --um residencial e um comercial-- da incorporadora Brookfield no Panamby, uma das áreas mais valorizadas do Morumbi.

O prédio comercial The Office, com 108 salas de 37 a 600 m2, já foi totalmente reservado --cada m2 custa R$ 7.000. O residencial Insight terá 144 apartamentos de 67 a 95 m2, mas nenhuma reserva foi feita.

"Não fomos notificados ainda, então entendemos que é só um estudo, que ainda será melhor debatido", afirma José de Albuquerque, diretor de incorporação da Brookfield em São Paulo.

A empresa irá recorrer. "Vamos informar que já existe projeto aprovado lá. A gente não concorda. Como a prefeitura aprova o projeto e depois desapropria? Se não for possível alterar o traçado, vamos para as vias judiciais."

As informações sobre os imóveis que poderão ser desapropriados foram detalhadas no EIA-Rima (estudo de impacto ambiental), que lista com fotos todos os imóveis. Mais da metade está nas ruas Senador Otávio Mangabeira, Professor Alfredo Ashcar e João da Cruz Melão e avenida Jules Rimet.

No total, o Metrô espera gastar R$ 185 milhões para desapropriar até 132 mil m2 --cerca de 18 campos de futebol-- para implantar a linha 17, o que dá, em média, R$ 1.400 por metro quadrado.

Segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), só o terreno nessas regiões pode chegar a R$ 1.500 o metro quadrado.

Também serão afetados vários comércios na av. Jorge João Saad, como três postos de combustíveis, lojas da Subway e Starbucks Coffee, um bufê infantil e outros.

CRÍTICAS

Moradores e comerciantes criticam o projeto e a falta de informação. "A desapropriação é inesperada e desconfortável. Pagarão bem? Moro aqui há mais de 30 anos e não tinha ideia de sair", diz um morador de 63 anos da rua Alfredo Aschcar, que tem 13 casas de alto padrão na lista.

"Estamos aqui há três anos. Há muita dúvida sobre essa história. O que chega é boato, é conversa de morador, não temos informações oficiais", afirma Camila Ferreira, gerente do Starbucks. "A desapropriação em si não é algo que causa tanto mal, mas a construção desse metrô aéreo é uma enorme absurdo. Vai ficar horrível", afirma o dono do posto, Sérgio Faga, na avenida João Jorge Saad desde 1998.

JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
CRISTINA MORENO DE CASTRO

RAPHAEL VELEDA
  COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

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